INDICAÇÃO DE IMPLANTE
Para indicar o implante de marcapasso ou de um cardiodesfibrilador implantável (CDI), é necessário seguir as diretrizes brasileiras de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI). Essas diretrizes são baseadas em evidências científicas e classificam as indicações conforme as classes (I, IIa, IIb e III) e os níveis de evidência. Segue um resumo das principais recomendações:.
INDICAÇÃO DE MARCAPASSO
O marcapasso é indicado em pacientes com bradicardias que comprometem a qualidade de vida ou são potencialmente fatais. Abaixo estão os principais critérios:
1. Doença do nó sinusal (DNS):
Classe I: Sintomas de bradicardia clara e documentada (pausas sinusais > 3 segundos ou frequência < 40 bpm) associadas a síncope, pré-síncope ou fadiga.
Classe IIa: Bradicardia noturna grave (< 30 bpm), mesmo assintomática, se houver risco de progressão.
Classe III: DNS assintomática ou pausas < 3 segundos não requerem marcapasso.
2. Bloqueio atrioventricular (BAV):
Classe I:BAV de 3º grau, independente de sintomas.
BAV de 2º grau Mobitz II com sintomas ou comprometimento hemodinâmico.
BAV de 2º grau Mobitz I em níveis infra-hissianos ou com pausas > 3 segundos.
Classe IIa:BAV avançado ou paroxístico, mesmo assintomático, com risco de progressão.
Classe III: BAV transitório ou reversível (ex.: após cirurgia ou infarto agudo do miocárdio sem lesão definitiva).
3. Síndrome do seio carotídeo:
Classe I: Quando há bradicardia ou assistolia > 3 segundos claramente relacionadas à síncope.
4. Outros critérios:
Doenças neuromusculares (ex.: distrofia muscular, miotonia) com BAV de qualquer grau têm alta chance de progressão e podem justificar implante preventivo.
Indicação de Cardiodesfibrilador Implantável (CDI)
O CDI é indicado para prevenir morte súbita em pacientes com alto risco de arritmias ventriculares fatais. As principais indicações são:
1. Prevenção secundária:
Classe I: Pacientes que sobreviveram a parada cardíaca devido à fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sustentada (TVS) não reversível por outra causa (ex.: IAM agudo).
Classe IIa: Episódios de TV sustentada com síncope ou disfunção ventricular significativa (FEVE ≤ 35%).
2. Prevenção primária:
Classe I:Pacientes com FEVE ≤ 35%, sintomáticos (classe funcional II ou III) e em terapia otimizada por pelo menos 3 meses, com expectativa de vida > 1 ano.
Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica ou displasia arritmogênica do VD com alto risco de morte súbita (ex.: história familiar, FV prévia, síncope inexplicada).
Classe IIa: Cardiomiopatia dilatada não isquêmica, FEVE ≤ 35%, assintomáticos, mas com risco de taquiarritmias ventriculares.
Documentação e justificativa clínica
Para justificar o implante:
Histórico clínico detalhado: Inclua sintomas, eventos de síncope, arritmias e diagnósticos prévios.
Exames complementares:ECG, Holter ou teste de esforço.
Estudo eletrofisiológico (quando indicado).
Ecocardiograma com avaliação da FEVE para CDI.
Discussão interdisciplinar: Documentar em prontuário a decisão com base na classe de indicação.
Essas indicações devem ser revisadas e aplicadas conforme o contexto clínico individual, sempre seguindo as normas mais recentes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).